O silêncio da viagem era bastante bem-vindo. Durante
a última semana, o barulho excessivo parecia estar em todos os lugares. A
excitação de toda a gente em relação ao navio encontrado parecia seguir-me para
todo o lado e o alarido que houvera tinha-me provocado uma leve dor de cabeça e
ouvidos constantemente a zunir, os quais eu juro ainda poder sentir.
Sendo eu
apenas estagiária, na última semana todos pareciam tentar decidir onde eu
deveria ficar encaixada nesta história e eu, inevitavelmente, fui arrastada
para a confusão.
Assim, e
embora a revelação que eu participaria em analisar o navio naufragado
encontrado em África tivesse sido estonteante, não poderia ter deixado de
sentir alívio ao entrar no avião e ser envolvida em calmos sussurros e conversa
suave. E agora, mesmo com o calor insuportável no jipe, presente mesmo com o
ar-condicionado no máximo, a sensação continuava a mesma, apenas com o baixo
som da música e a conversa das pessoas ao meu lado.
Quando
chegámos, o que não demorou tanto quanto esperava (quem sabe não deixei o
sono envolver-me), fomos recebidos por apenas uma dúzia de pessoas que pareciam
já nos aguardar. Após várias explicações sobre o navio e como tinha sido
encontrado, foram-nos estendidos fatos de mergulho. Já todos sabíamos como os
usar correctamente, mas mesmo assim foram sendo dadas dicas e conselhos até
estarmos totalmente preparados.
Logo que o
barco que nos levava para o lugar onde o navio estava naufragado parou, todos
nós (a este ponto éramos seis: três tinham vindo comigo de Portugal e dois dos
que nos aguardavam na costa) nos preparámos para saltar pra a água, e após
alguns minutos um a um foram sendo ouvidos suaves sons de embate na água.
O navio estava
em melhor estado do que eu esperava, quase praticamente intacto, salve o grande
buraco no casco. Grande parte do navio estava coberto em algas e anémonas de
cores variadas, e podiam ser vistos peixes s entrar e sair do navio pelas
entradas disponíveis. O mastro não estava visível em lado nenhum e grande parte
do interior estava quebrada e chegada para um lado, respeitando a posição
horizontal do navio.
Quando um dos
meus colegas me chamou com um movimento da mão e me trouxe à superfície,
perguntou-me se alguma vez tinha visto algo assim. Sorri, acenei com a cabeça
de forma negativa e comecei a pensar no meu relatório.
Daniela Domingues, 9ºA
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